11 fevereiro, 2015

Entrevista com Sebastião Ribeiro - Autor de: &

Nasceu em São Luís (MA) em 1988. Concluiu o curso de Letras na Universidade Estadual do Maranhão em 2013. Participou da antologia do Concorso Internazionale de Poesia Castello di Duino (Ibiskos Editrice Risolo, 2010). Ficou em 2º lugar no 23º Festival Maranhense de Poesia (2010). Participou também da obra Acorde (Scortecci, 2011), com Igor-Pablo e Wesley Costa; Macondo n° 6 (2012); Samizdat n° 39, e Substânsia n° 3 (2014). 
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Apresenta poemas que conversam com a incomunicabilidade, confusão, consumismo, tecnocracias e et coeteras que nos banham os ossos e corações no mundo atual. No viés individual de cada texto há todo um background de motivação moderna que, além da forma, busca nos retratar como seres do/no caos e falta de entendimento do que os padrões são e podem ser. A voz lírica de '&' pretende ser sincera, direta, testemunha e vítima dos dias que nos rodopiam.




Olá Sebastião. É um prazer contar com a sua participação no Blog Divulgando Livros e Autores da Scortecci do Portal do Escritor.

Do que trata o seu Livro? Como surgiu a ideia de escrevê-lo e qual o público que se destina sua obra?
Meu livro não surgiu de forma que eu pudesse dizê-lo 'temático', ainda mais 'monotemático'. Ele vem da tradição dos bons e velhos livros de poesia: os temas se constroem na leitura e percepção da própria obra pelo autor e, consequentemente, do leitor. Diria que em vez de 'temas' ele carrega 'unidades': dúvida, inconformismo, saudade, (des) esperança... e como o mundo que me cerca me afeta e se desdobra em mim, como minha sensibilidade reage a certas coisas, entre elas, o consumo, o sonho, a cultura pop, a tradição literária, etc. '&' é o clímax de mais de 10 anos praticando a poesia, afinando minha cultura (ou não), experimentando o mundo e meu crescimento como pessoa-poeta. A partir de 2010 seus primeiros poemas foram escritos e os últimos em, 2014. Foram 4 anos de transformações e vivências que me fizeram relembrar e reavaliar minha existência de humano e humano-poeta, tomando consciência dela de uma forma diferente. E na idiossincrasia da obra é que acredito que encontrarei meus leitores. Não ofereço uma experiência de leitura fácil ou certinha: me ofereço aos que desejam desafios, seja pelo registro poético ou pelos 'temas', ou ainda, pelo tom de confidência e revelação pessoal que imprimo aos textos. Meu leitor é o que se permite.

Fale de você e de seus projetos no mundo das letras. É o primeiro livro de muitos ou apenas o sonho realizado de plantar uma árvore, ter um filho e escrever um Livro?
Apesar de ter feito o curso de Letras e ser professor, há muito já me interessava as possibilidades da escrita. A poesia, ou melhor, o poético, me caiu melhor. Inicialmente minhas experiências com o literário eram despretensiosas, porém, ao passo que crescia e amadurecia (?), me veio a vontade de espalhar ou compartilhar meus escritos, minha arte; é mais que escrever e ser lido, é oferecer certo conforto ou uma certa e diferente experiência através da leitura a alguém que pense, sinta e veja as coisas aproximadamente como eu. É o que os verdadeiros artistas fazem desde sempre. Muitas pessoas ouvem música pop porque se identificam com a letra e/ou a melodia lhes imprime uma sensação; eu faço o mesmo, só que com aos sensíveis/disponíveis ao poético. Pretendo continuar escrevendo, espero que por um bom tempo, uma vez que a experiência de criar é deliciosa e libertadora, e a experiência de compartilhar reconforta e estimula (na maior parte das vezes..). Não espero muitos livros, somente alguns que sejam relevantes e consistentes... De resto, sou um artista da palavra. Deixo a história das árvores (já plantei minha cota na infância e só trato atualmente de ajudar a reduzir minhas emissões de carbono) e do filho (que não desejo ter) para aqueles que dependem do clichê como projeto de vida.

O que você acha da vida de escritor em um Brasil com poucos leitores e onde a leitura é pouco valorizada?
Claramente não é fácil. Vivemos em uma sociedade que atualmente deseja ensinar as novas gerações a valor do meio ambiente, da preservação da natureza, blah, blah... Mas supervaloriza o consumo e repele a intelectualidade, na maioria dos casos, na maior parte da vida das pessoas comuns. Em meio às dificuldades econômicas, do peso do status e hiper-consideração do 'padrão' (estético ou não), é realmente difícil se falar em livros, experiência literária, arte no geral. É difícil para o artista/ escritor, pois a ele sua obra é muito cara; é difícil para o senso comum, que não vê utilidade em tal e não sabe nem para onde vai. Precisa-se (e o escritor/artista obviamente auxilia nesse sentido) de considerarmos o valor e real significado e alcance do que chamamos 'consciência': consciência artística, política, pedagógica, econômica... A leitura nos encaminha para a maior parte do escopo dessas 'consciências'..

 Como você ficou sabendo e chegou até a Scortecci Editora?
Através da internet. Em 2010/11, eu e os poetas Wesley Costa e Igor-Pablo tínhamos acabado de ganhar algumas posições em um festival de poesia muito importante em nossa região/estado e desejávamos reunir nossos textos e sair do anonimato. A Scortecci nos pareceu viável, tradicional e confiável. Felizmente não nos arrependemos. Da parceria, surgiu a coletânea 'Acorde', de 2011, com 15 textos de cada um de nós.

O seu livro merece ser lido? Por quê? Alguma mensagem especial para seus leitores?
Acredito que a maior parte dos livros merece ser lida... O meu também, talvez, porque ao modo de meus parceiros poetas modernos (e não modernosos), ofereço uma poesia que curte o diferente, acredita que falar do que é intrinsecamente humano e circundante do humano sempre será relevante e fornece uma espécie de espelho da nossa civilização, das vidas vendidas separadamente e de nossos futuros. Particularmente me agrada muito encontrar um objeto artístico, seja uma música, uma pintura, um gesto ou um livro que me permita ME ver ou ao menos me comparar e investigar obliquamente. Também é interessante conhecermos, 'vivenciarmos' visões de mundo diferentes da nossa (em conformidade com os direitos humanos e dos animais, claro...), por que não? Desejo que meus atuais e futuros leitores cresçam ou se reconheçam em meus escritos... que apreciem ou simplesmente deem um voto de confiança à experiência com o poético. Isso seria ótimo.

Obrigado pela sua participação.

2 comentários:

  1. Sebastião amigo querido, que coisa boa ler sua entrevista. Parabéns! Que vontade forte beleza e seu próprio aperfeiçoamento desenvolve na sua visão.
    Sucesso!
    bjs

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