25 maio, 2015

Entrevista com João Gomes da Silveira - Autor de: EXPRESSIONÁRIO DE FALAS POPULARES

Nasceu no município de Redenção e tem o registro civil em Maranguape, Ceará. Reside em Fortaleza. Organizador do "Dicionário de expressões populares da língua portuguesa" e "Bichos intrometidos na boca do povo", ambos de linguagem, é autor também dos livros de poesia "Cem sonetos insubmissos" e "Sonetos em revoada" (2015). Tem inédito "Glosario esencial del español popular", bilíngue, e já concluído "Sonetos e outros poemas". Pós-graduado em Letras, garatuja crônicas, causos e poemas.

É o novo livro de João Gomes da Silveira na área de linguagem. É um completo e interessantíssimo compêndio com expressões idiomáticas e não idiomáticas, destinado a todos os usuários da língua portuguesa. Serve tanto aos estudiosos e profissionais que têm como matéria-prima de seu trabalho o manancial inesgotável que é qualquer língua, organismo vivo que se transforma e reinventa todos os dias, como também às pessoas comuns, que hão de passar horas de agradável divertimento (re)descobrindo e (re)aprendendo novas formas de se expressar.


Olá João. É um prazer contar com a sua participação no Blog Divulgando Livros e Autores da Scortecci do Portal do Escritor.

Do que trata o seu Livro? Como surgiu a ideia de escrevê-lo e qual o público que se destina sua obra?
Este novo trabalho trata especificamente do assunto ligado à linguagem e mais com força, ainda, do idiomatismo, as conhecidas e famosas expressões idiomáticas, embora se tenham incluído também expressões não idiomáticas. Já publicamos um livro bastante substancioso nessa mesma área, o nosso "Dicionário de expressões populares da língua portuguesa", saído pela WMF Martins Fontes. Embora catatau muito volumoso, de 980 pp., o tomo contém somente sintagmas verbais, valendo dizer expressões verbais. Então achei que deveria elaborar algo que contivesse, além de outros sintagmas verbais, também, expressões nominais, do tipo "de cabo a rabo", por exemplo. Ora, nada mais justo do que completar o trabalho anterior. Assim que me surgiu a ideia do livro. A obra - vantagem maior - é destinada a todos os públicos, falantes do português e até não usuários da língua pátria. Escritores, jornalista, padres, em suas homilias, professores, outros profissionais liberais, comerciários, bancários, gente simples do povo, povo em geral, tudo mundo - falando ou escrevendo - utiliza esse cabedal social e linguístico arraigado no meio das multidões. Uma ferramenta de trabalho imperecível, livro para ficar e não sair jamais das nossas estantes.
Fale de você e de seus projetos no mundo das letras. É o primeiro livro de muitos ou apenas o sonho realizado de plantar uma árvore, ter um filho e escrever um Livro?
Fui um professor de grau médio e secundário de português e sua literatura que mais trabalhou do que teve tempo para escrever. Rabisquei sonetos e outros poemas, algumas crônicas, alguns causos e artigos, mas sem nenhuma veleidade de me albergar um dia no mundo das letras. Perto de me aposentar das escolas, ao fazer um pós-graduação, toquei à frente a feliz ideia de organizar o dicionário de expressões idiomáticas ao qual aludi na questão anterior. Como afirmei, embora sem portar nenhum condor nos sonhos, fui garatujando umas coisas e, com este nosso EXPRESSIONÁRIO, amealho hoje cinco livros publicados. São três na área da linguagem e dois livrinhos de sonetos. Mas temos muitos por publicar, nesta seara. Atualmente martelo um projeto/ensaio que penso que dará certo. É sobre as figuras de estilo. A árvore e os filhos (um casal) plantei-os, também, rsrsrs..
O que você acha da vida de escritor em um Brasil com poucos leitores e onde a leitura é pouco valorizada?
Escritores, escritores valendo este título nobiliárquico e de muito labor, são tão poucos, no País! Agora, gente que escreve e escreve bem, ah, existe à beça. Por mim, nem aí me incluo. Sou apenas um escrevinhador, isto. Temos grandes e brilhantes penas, no Brasil, mas o público ledor, às vezes, como na política, é que faz a má escolha. E cai nas garras dos "importados", aqueles livrinhos de capas muito atraentes, em geral norte-americanos, muito bem lapidados pela mídia, que vendem às pampas. Só que são nuvens que passam, logo vão para o rol dos "usados" - mesmo de capa novinha -, lá no "sebo" da esquina. Agora, um Drummond fica, um Vinícius fica, dona Cecília Meireles fica. E Jorge Amado é eterno, Graciliano, idem, dona Rachel de Queiroz, idem, um Guimarães Rosa, um Bilac, estes são eternos e o público das boas brigas não larga nunca. O leitor ocasional compra os best-sellers do New York Times, depois joga fora, mas coça o bolso e leva tempo adquirir um livro que seja ferramenta de trabalho.  Os que compram um mestre Aurélio, um Houaiss, um EXPRESSIONÁRIO, por exemplo, estes sim, valorizam o permanente, a cultura que fica e será “ad aeternum".
Como você ficou sabendo e chegou até a Scortecci Editora?
Ora, a internet é porta fácil para o mundo. E eu via a qualidade superior das edições da Scortecci. Sou cearense, e um passarinho me contou que o comandante em chefe da Editora, em São Paulo, teria raízes aqui no solo alencarino.
O seu livro merece ser lido? Por quê? Alguma mensagem especial para seus leitores?
O nosso livrinho merece mais é ser pesquisado, estudado, como pesquisado foi, não diria "lido". O que se lê mais por, aí, são as "buchadas" da subliteratura norte-americana. Tão boa a francesa, e por aqui pouco acontece.
Livro de linguagem, utensílio de trabalho, tem público menor, mas garanto que o mais seleto. Merece ser guardado, estimado como algo muito útil e parte integrante da cultura nacional. Todos deviam não regatear nem bancar o pão duro, todos, de todas as classes sociais, mas me dirijo em especial aos mestres de língua portuguesa e aos estudantes dos cursos de Letras e lhes digo com a maior franqueza: sem o EXPRESSIONÁRIO DE FALAS POPULARES à mão todos serão bem menos eficazes em seu labor. E, aqui, vou falar como fez certa vez, em carta, o padre Antônio Vieira: "Peço desculpas por não ter tido tempo de ter sido breve". Paz e sucesso em suas vidas, caros amigos, é a mensagem deste simples João.
Obrigado pela sua participação.

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