29 junho, 2015

Entrevista por Maria Isabelle Palma G. C. Marcon filha de Daniel Gomes Corrêa - Autor de: PASSOS TRÔPEGOS

Daniel Gomes Corrêa
Nascido em 31 de outubro de 1945, é poeta sorocabano. Funcionário do IBGE por mais de 20 anos, refugiou-se após a aposentadoria em diversas cidades do sul e sudeste do país, buscando na vida do litoral sua inspiração para a composição literária. Morreu no carnaval de 2013, numa madrugada de tempestades e tragédias, tal qual ele mesmo se entendia na sua angustiada condição humana.



Livro de poemas, publicação póstuma do poeta Daniel Gomes Corrêa, falecido em 2013, aos 67 anos. A coletânea de poesias assinala os anos 2000 e a intensa produção literária do autor no período, com alguns textos mais antigos.

"O lado avesso do meu caderno
é o lado avesso da minha vida.
Ao ler, não pense que é corrompida essa poesia imaginária,
pois que traduz só devaneios,
só sonhos loucos, loucas quimeras.
É o lado torto da minha vida,
sem esperanças, sem primaveras!"

Lamentar a ausência do Daniel seria legítimo se não fosse a força da sua poesia. Tive o privilégio de conhecê-lo em vida e na sua presença ler alguns manuscritos que mantinha reclusos na estante da sala. “Enquanto tu dormes, enquanto não durmo...” é um trecho do primeiro texto que li de sua autoria. Percebi no poema toda densidade que norteia seus escritos. Versa sobre os amores e tragédias com verdade, revelando que talvez seja a realidade de todos nós. Daniel utilizava-se de metáforas com a mesma facilidade que uma criança brinca. Entre métricas e escansões externou pensamentos de liberdade que por vezes revelavam a sua angústia. Seus olhos tristes demonstravam o isolamento daquele que via na hipocrisia social o seu grande deserto. Encontrou nos livros os grandes companheiros de caminhada, e no papel o seu melhor ouvinte. Acalmou sua solidão intelectual, vivida nos últimos anos de vida, sobre a obra de Dostoiévski, Goethe, Homero e tantos outros. Os textos aqui reunidos nos dão a oportunidade de conhecer um grande poeta e sentir que também não estamos sozinhos.
João Carlos Marcon

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