22 julho, 2018

Entrevista com Joéliton Sueldo Araújo - Autor de: PORTUGUÊS, NEOPORTUGUÊS BRASILEIRO E RELAÇÕES SOCIOCULTURAIS e MUNDO LITERÁRIO E RELAÇÕES SOCIOCULTURAIS

Joéliton Sueldo Araújo
Nome literário de Joéliton Sueldo Cavalcante Araújo (15/09/1975, Campina Grande - PB) é licenciado em Letras/Português (UEPB), pós-graduado em Docência na Educação Superior (Claretiano – Centro Universitário - SP), com experiência de pesquisa transdisciplinar, elaboração de material didático na Educação de Jovens e Adultos e produção poética. Também autor do livro Português, neoportuguês brasileiro e relações socioculturais (Scortecci, 2017), par dialético deste Mundo literário e relações socioculturais.



Português, Neoportuguês Brasileiro e Relações Socioculturais
Configurando análises e modelos inovadores e partindo de uma visão ampla do(s) idioma(s) e dos atos de falar, ler e escrever, este livro aprofunda certos elementos de semântica, pragmática, sintaxe, lexicologia, morfologia e fonologia. 
O leitor encontra discussões sobre a autonomia do vernáculo brasileiro, fundamentos da elaboração de textos, caracterização do artigo de opinião objetiva, retextualização resultando em carta de leitor, adjetivo e adjetivação em geral e em contos tradicionais, aplicabilidade dos estudos semânticos e pragmáticos, clivagem em geral e em textos jornalísticos e de entretenimento, versatilidade de partículas como o até, atualidade das frases de sabedoria em geral e de base latina, formulação de sequência didática, relação entre textualidade e coerência.
Espera-se que a obra sirva a estudantes, professores e outros profissionais que utilizam a língua(gem) nas suas atividades e a todas as pessoas que buscam compreender melhor os textos circulantes em variados domínios discursivos, processo que conduz essas pessoas à expansão de sua capacidade crítica e criativa.

Esta obra busca análises e modelos inovadores para os estudos literários e socioculturais, estabelecendo conceitos (como sociolúdico, resistência sociolúdica, alea semântica) e revendo outros (como antropofagia cultural, estratégia lúdico-textual, pastiche, estética da teatralidade, configuração do feminino, representação da homoafetividade, contexto, cânone literário). 
O leitor encontra discussões acerca de textos literários de autores nacionais (Oswald de Andrade, Mário de Andrade, Manuel Bandeira, Carlos Drummond de Andrade, Adélia Prado, Lygia Fagundes Telles, Caio Fernando Abreu) e estrangeiros (Florbela Espanca, Walt Whitman), além da menção a tantos outros – artistas ou não – que participam do banquete, como Mikhail Bakhtin, William Shakespeare, Augusto dos Anjos, Chico Buarque, José Craveirinha, Natsume Soseki. O capítulo final sintetiza a didática literária utilizável em toda análise literária e sócio/intercultural, escapando da crítica estritamente formalista, bem como da acentuadamente sociológica.
Deseja-se que a obra sirva tanto a estudantes, professores e profissionais que utilizam a leitura literária nas suas atividades, quanto a todas as pessoas que pretendem compreender melhor textos altamente polissêmicos, processo que tende a elevá-las em termos de criatividade e criticidade.

Olá Joéliton. É um prazer contar com a sua participação no Blog Divulgando Livros e Autores da Scortecci do Portal do Escritor.

Do que trata o seus Livros? Como surgiu a ideia de escrevê-los e qual o público que se destina suas obras?
O livro Português, neoportuguês brasileiro e relações socioculturais trata do entendimento de assuntos linguísticos, sociolinguísticos e socioculturais, a partir de análises e modelos em torno da diversidade textual e do inter-relacionamento de sistemas idiomáticos mutuamente implicados, sobretudo dois: o que pode ser denominado Português Internacional Comum (mais evidenciado em termos de Acordo Ortográfico) e o que pode ser chamado de Neoportuguês Brasileiro (tanto nas variedades propriamente vernaculares – ou seja, aquelas usadas espontaneamente pela maioria dos brasileiros, ou pela maioria dos habitantes de acordo com a região –, quanto nas variedades formais, tão cobradas em espaços institucionais e concursos para o serviço público no país).
A obra surgiu, por um lado, da ideia de revisar e reunir trabalhos meus que foram mais bem recebidos entre docentes e discentes do setor linguístico na Licenciatura em Letras/Português, e, por outro lado, da ideia de difundir as tendências transdisciplinares desses trabalhos e o próprio termo Neoportuguês Brasileiro. Assim, os capítulos se destinam a estudantes, professores e outros profissionais que utilizam aqueles sistemas idiomáticos nas suas atividades, mas também a todas as pessoas que buscam compreender melhor os textos circulantes em variados domínios discursivos.

O livro Mundo literário e relações socioculturais trata do entendimento de assuntos literários e socioculturais, a partir de análises e modelos em torno da diversidade de gêneros literários e de autores nacionais (Oswald de Andrade, Mário de Andrade, Manuel Bandeira, Carlos Drummond de Andrade, Adélia Prado, Lygia Fagundes Telles, Caio Fernando Abreu) e estrangeiros (Florbela Espanca, Walt Whitman).
A obra surgiu, por um lado, da ideia de revisar e reunir trabalhos meus que foram mais bem recebidos entre docentes e discentes do setor literário na Licenciatura em Letras/Português, e, por outro lado, da ideia de difundir as tendências transdisciplinares desses trabalhos e as próprias obras analisadas. Assim, os capítulos se destinam a estudantes, professores e outros profissionais que utilizam a leitura literária nas suas atividades, mas também a todas as pessoas que buscam compreender melhor textos altamente polissêmicos.

Fale de você e de seus projetos no mundo das letras. É o primeiro livro de muitos ou apenas o sonho realizado de plantar uma árvore, ter um filho e escrever um Livro?
Tenho uma vaga lembrança de na infância ter plantado uns caroços de feijão no quintal dos meus avós maternos, mas acho que isso não conta como árvore; e não tenho, pelo menos até o momento desta entrevista, filho biológico. Então, escrever livro acabou acumulando funções, algo como plantar uma obra e ter um filho do intelecto. Antes da graduação, eu só havia publicado alguns textos em antologias, quer dizer, poemas que já integram uma obra que vislumbro algo complexa e que há de ser publicada. Mas sempre estou atento a implicações linguísticas e transdisciplinares dos textos que escrevo. Na graduação e na especialização superior, tive de lidar com questões linguísticas, literárias, educacionais e filosóficas, dentre outras.
Aliás, o livro que aqui destacamos na entrevista foi publicado quase ao mesmo tempo que outro de minha autoria (Mundo literário e relações socioculturais), que considero par dialético daquele. Outras obras devem vir nos próximos anos, com base na minha formação e em diretrizes transdisciplinares, porém não sei se muitas, pois costumo ser exigente com a qualidade dos textos e com a concepção geral que os une.

O que você acha da vida de escritor em um Brasil com poucos leitores e onde a leitura é pouco valorizada?
Já se disse que, com o advento da Internet, passamos a ter mais escritores que leitores, excetuando-se, claro, os leitores das próprias obras. Como a diversidade de gêneros textuais é imensa, sempre teremos leitores, por mais precários que estejam em termos de compreensão, reformulação e crítica. Se estivermos falando de leitores capazes de dialogar com e a partir de obras intelectual ou artisticamente mais complexas, então o número parece ser reduzido mesmo.
Mais sério que o problema da quantidade fica sendo o da valorização por quem poderia valorizar e não o faz. A vida do escritor em um país – aqui não adentrando em questões como sobrevivência e direitos autorais –, fica adversa nem tanto pelo número reduzido de leitores, mas quando até mesmo esse número reduzido não tem condições intelectuais para proceder à justa valorização das obras, principalmente por lacunas na formação educacional e/ou profissional, sem falar em certos arranjos mercadológicos excludentes.

Como você ficou sabendo e chegou até a Scortecci Editora?
Ocorre que grupos editoriais como o Scortecci vem valorizando a leitura e apoiando os autores por meio de variadas estratégias, inclusive pela organização de antologias, e assim cheguei a participar de duas delas no início do século XXI: a do primeiro concurso da Livraria Asabeça (que descobri navegando na Internet) e a Livre Pensador (que me foi ofertada por e-mail pela editora).

O seu livro merece ser lido? Por quê? Alguma mensagem especial para seus leitores?
Português, neoportuguês brasileiro e relações socioculturais
Como disse o filósofo Schopenhauer, todo professor acredita ser sua vocação constituir a ciência que ainda está faltando. De qualquer modo, acredito que algumas passagens demonstram certa originalidade, como o conceito de formação de bloco enunciativo por meio da adjetivação (Capítulo 5), o conceito de clivagem bidirecional (Capítulo 7), a revisão do gênero frase de sabedoria (Capítulo 9), os fundamentos de uma Sequência Didática Integradora (Capítulo 10), o estabelecimento de uma Ficha de Textualidade em função da coerência em sentido amplo (Anexo).
Aproveito para advertir que, em matéria de estudos de língua(gem), embora a base tenha passado a ser as ciências das linguagens e as pesquisas transdisciplinares, não devemos esquecer que certos gramáticos tradicionais foram importantes para o início da problematização de várias questões linguageiras e mesmo para o incentivo à leitura.

Mundo literário e relações socioculturais
Nesse outro livro, algumas passagens também demonstram certa originalidade, como nas que estabelecem os conceitos de sociolúdico, resistência sociolúdica e alea semântica (Capítulo 2); e nas que procedem a revisões dos conceitos de antropofagia cultural, estratégia lúdico-textual, pastiche, estética da teatralidade, configuração do feminino, representação da homoafetividade, contexto, cânone literário.
Aproveito para advertir que, em matéria de estudos literários, embora a base tenha passado a ser as análises dialéticas e as pesquisas transdisciplinares – abrindo o leque para literatos de classes socioeconômicas menos favorecidas –, não devemos esquecer que muitos autores ditos canônicos ou tradicionais, além de sua qualidade artístico-discursiva, foram importantes para o início da problematização de várias questões estéticas e de outras dimensões. Direta ou indiretamente, o cânone literário continua incentivando a leitura pelo mundo.

Obrigado pela sua participação.

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